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Man on the run – Meu amigo beatle

Em agosto último eu terminei de ler”Man on the Run” (Homem em fuga, em tradição livre), uma “semibiografia” de Paul McCartney escrita por Tom Doyle. Durante a leitura da história – que começa no fim dos Beatles, passa por toda a aventura do Wings e vai até a morte de John Lennon – uma coisa não saía da minha cabeça. Tenho um amigo muito próximo que, há algum tempo, acho muito parecido com o ex-Beatle, e não consigo – ou não conseguia – explicar o por quê.

E, veja só, ele disse que eu não era o primeiro a ver a semelhança…

Primeiro eu achava, e até cheguei a comentar com ele, que era físico. Os dois têm o rosto levemente parecido (na juventude do Paul, claro, ou talvez nada parecido). Este meu amigo não é músico, mas é das artes. E foi por aí, eu acho, que comecei a entender a semelhança…

Paul McCartney sempre foi o beatle pop. O que adorava a “beatlemania”, que queria viver naquilo pra sempre. E mais tarde, quando ele foi o “culpado” pelo fim dos Beatles, ele na verdade tinha sido o último a sair. O anúncio “involuntário” foi, na verdade, mais um “não querem mais? então foda-se” do que um “estou saindo”.

E por que desta forma intempestiva, inesperada e tão… digamos, inconsequente? Depois de tantos anos juntos?

Por que apesar de ele ser um ex-beatle, ele não é um super humano. Ao contrário do que muitos pensam, mesmo pessoas famosas e “inalcançáveis” “pagam táxi e vão ao banheiro”. Mais do que isto, elas têm inseguranças, medos, frustrações, raiva e ódio. E erram também, muito. Não são gênios do mal, nem do bem.

E aí está a semelhança entre os dois. Não sei se resolvi todo o enigma, mas ambos têm uma dificuldade enorme para falar de si mesmos. Guardam para si momentos de grande sofrimento e dizem, de forma até bem convincente, que “trabalhei isto internamente durante o processo” quando, na verdade, talvez tenham trabalhado, “pero no mucho”.

O meu amigo está passando por um momento difícil agora. O segundo neste ano. Desta vez, contudo, ele está fazendo um esforço muito grande para se abrir, e isto é admirável.

Nas palavras de sua primeira esposa, Linda McCartney (com quem era casado na época), o fim dos Beatles e a morte do John foram perdas transformadoras para Paul. Ele se tornou uma pessoa mais forte, mas ao mesmo tempo mais tranquila, talvez por entender que nada dura para sempre, mesmo que dure (e a perda da própria Linda seria mais um destes momentos, quase 20 anos depois).

Eu não posso mandar um recado para o Paul, até porque o conheço muito pouco para tanto. Contudo, para o meu amigo eu posso.

Meu velho, deixa estar. Viva e deixe viver. Saiba que tens aqui um amigo que te ama e te respeita demais, mas que está aqui também para os momentos difíceis, ruins e nos quais nos sentimos perdidos. Estarei contigo perto, longe, aqui, lá ou em qualquer lugar.

Lá ontem ou aqui, hoje!

E viva Sir Paul McCartney, my friend!

Chegou o primeiro episódio de Game of Thrones!

Finalmente joguei, ainda em primeira mão, o Episódio 1 da saga Game of Thrones da Telltale Games!

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O jogo é simplesmente incrível. Os gráficos surpreendem, tanto pelos detalhes, quanto pela qualidade e fidelidade aos sete reinos!

A aventura começa durante o Casamento Vermelho, quando você é Gared Tuttle, um escudeiro do Lorde Gregor Forrester, e está do lado de fora das Gêmeas, enquanto lá dentro acontece um dos melhores momentos de toda fantasia criada por G.R.R Martin até agora. A família Forrester é vassala dos Stark e, por isso, o que acontece durante o evento tem forte impacto na sua vida.

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No primeiro episódio você ainda joga com outros personagens, tomando decisões que afetarão não só a Casa Forrester como até mesmo os Sete Reinos e o jogo dos tronos.

Como bom fã da série de George Martin que sou, já joguei o episódio duas vezes, tomando decisões diferentes para ver o que acontece. Pois se a ordem dos fatos não se altera tanto, suas decisões impactam, e muito, na opinião e na confiança que os outros personagens tem em você, e isso pode ser crucial num futuro próximo.

Quando o jogo foi anunciado pela Telltale, uma das grandes curiosidades dos fãs de Guerra dos Tronos era: jogaremos com personagens do seriado? Ok, isto é pouco provável pois mexeria nos livros e no próprio seriado.. mas os encontraremos? Eles pelo menos aparecerão?

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Sim! Como você pode ver nas imagens acima, eles aparecem já no primeiro episódio! Estão lá a Rainha Cersei e toda a sua classe vingativa, Tyrion e toda a sua audácia de anão, além de Margaery Tyrrel e sua luta pelo poder em Westeros. Como sobreviver neste meio?

O jogo “Game of Thrones” é recomendadíssimo! Mal posso esperar pelo segundo episódio para saber o que nos espera em Porto Real!

Texto originalmente publicado em www.zodcast.com.br

Você está com a sua toalha?

Todos os nerds sabem… (ok, alguns “só ouviram falar, dessa vez passa…) que hoje é o “Dia da Toalha”.  Mas sabem por quê?

Como é? Se diz nerd e não sabe por que hoje é o dia da toalha? Ok, ok, não entre em pânico!

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O dia é uma referência ao livro “Guia do Mochileiro das Galáxias”, de Douglas Adams, simplesmente indispensável para quem quiser viajar o universo. A importância da toalha é citada no capítulo três, conforme abaixo:

guiaSegundo ele, a toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer numa minijangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você -estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.

Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc, etc. Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.

Então, mochileiros. Nunca viaje pelo espaço sem a sua toalha. Eu particularmente nunca saio sem a minha toalha (do banho, pelo menos).


obs: o dia 25 de maio também é chamado de “Dia do Orgulho Nerd”, por ser também o dia das première do primeiro filme da série Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança, em 25 de maio de 1977.

Texto publicado originalmente em www.zodcast.com.br

Melhor não chamar ninguém de macaco…

Vai por mim, este é um bom conselho. Primeiro por que nada justifica qualquer tipo de racismo. Depois por que, se os fatos da franquia “Planeta dos Macacos” se concretizarem, você pode acabar se dando muito mal…

No dia 24 de julho estreia, no Brasil (lá fora vai ser dia 11) o oitavo filme da série (apesar de não ser sequencial) “Planeta dos Macacos”. “Planeta dos Macacos – O Confronto” (Dawn of the Planet of the Apes, em tradução do Joel Santana), é o segundo da trilogia que busca explicar como os macacos dominaram o Planeta.

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Da minha geração, eu fui um dos que teve a felicidade de assistir (nos anos 1990) ao clássico “Planeta dos Macacos” de 1968 (ao lado) sem saber como acabava. Pra mim, aquela inesquecível última cena é realmente um dos maiores finais de filme da história do cinema. Mais tarde assisti as sequências “De volta ao Planeta dos Macacos” (1970), Fuga do Planeta dos Macacos (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972), Batalha pelo Planeta dos Macacos (1973).

É claro que não são páreo para o original, mas alguns deles certamente são páreo para o remake arrasa-franquias de Tim Burton (2001), que eu particularmente achei um “desserviço”.. muuuuito inferior ao original.

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Ainda assim, meu lado nerd sobreviveu, e em 2011 eu li o livro que originou a franquia, escrito pelo francês Pierre Boulle (1963). É um ótimo livro, muito bem escrito, e quase tão bom quanto o filme original (pelo menos pra quem viu antes de ler). O que chama a atenção é que, nas partes em que a obra cinematográfica hollywoodiana faz menção aos Estados Unidos, o livro fala da França… c´est la vie..

Eis que no mesmo ano a série voltou à tona com “Planeta dos Macacos – A Origem” (Rise of the planet of the Apes, em outra tradução joel-santanesca). Pra mim, um ótimo filme, que mostra o início da mudança que os levará ao Planeta dos Macacos. Vale ainda ressaltar as referências ao original. Entre as quais, a partida da viagem do astronauta Taylor (Charlton Heston) e diálogos inteiros como “Tire suas patas imundas de mim, seu macaco sujo e maldito“.

Pois “O Confronto”, que estreia em julho, não é remake nem continuação. Bem, não do original de 1968, nem de suas sequencias, nem da infelicidade do Tim Burton. É sequencia do “Planeta dos Macacos – A Origem” (Rise of the Planet of the Apes), de 2011. Esta nova trilogia (que será encerrada em 2016, com um filme ainda sem título) deve terminar onde o filme de 1968 começou.

“A Origem” é um filme muito bom, que acaba num ponto crucial da “virada”. Para mim, este definirá se teremos uma trilogia histórica ou mais um caça-níquel fanfarrão. Os fatos que precisam acontecer agora são fundamentais para um “grand finale”. Então, te liga Andy Serkis! (em outras palavras: Força macacada!).

Texto originalmente publicado no www.zodcast.com.br

Brasil: um sonho intenso

História é algo apaixonante. É incrível entender como as coisas aconteceram, por que elas aconteceram e “como nós viemos parar aqui”. Sair da historiografia chapada e “bidimensional” (os bons contra os maus, o certo contra o errado), então.. é incrível.

1808A história sempre é contada pelo básico: “Aí o rei Dom João VI, para escapar de Napoleão, fugiu de Portugal correndo para o Brasil”. Ok, certo. Mas quem era Napoleão? Por que Dom João fugiu? Aliás.. quem era mesmo Dom João?

Pois são exatamente as buscas para este tipo de respostas que tornam tão interessante a trilogia do jornalista e historiador Laurentino Gomes. Esse ir mais a fundo, buscar detalhes… E não só quanto aos personagens, mas fugir do lugar comum, inclusive geograficamente falando.

No 1808 o autor destaca que, em 1808, quando D. João VI deixou a Europa, Napoleão, que abria caminho conquistando países e nomeando novos reis ao seu bel prazer, havia conquistado a Espanha e se encaminhava para a fronteira lusitana.

Contudo, mesmo com a “fuga” da família imperial, o exército francês jamais conquistou Lisboa, e esta derrota acabou sendo determinante para o futuro, não só de Napoleão, como de D. João VI, do Brasil e de toda a Europa. O próprio então imperador francês, mais tarde, em Memoires de Ste. Hélène, se referiria ao rei de Portugal como c’est ça que m’a perdu (tradução: foi o que me fez perder).

1822Se 1808 foi um livro apaixonante, o mesmo não posso dizer de 1822. Pelo menos quando comecei a lê-lo, minha expectativa era, com uma boa dose de má-vontade, a repetição de uma fórmula. Na verdade era isso mesmo, mas de uma ótima fórmula, que voltou a funcionar. O mais interessante desta segunda parte é o fato de que realmente houve, em diversos pontos do país, guerras pela independência.

Inclusive guerras contrárias à D. Pedro I, de províncias que tinham interesse na manutenção dos vínculos com a coroa portuguesa. Outros personagens importantes ganham corpo no segundo livro de Laurentino Gomes e, entre eles, o patriarca da independência José Bonifácio de Andrada e Silva, e o braço direito do então príncipe-regente e depois imperador Dom Pedro I, Francisco Gomes da Silva, o “Chalaça”.

 photo 1822_zpsbd625531.jpgAgora, para mim, o melhor disparado foi o último. Destrinchando os origens do movimento republicano, desde o apoio dos grandes fazendeiros, a Guerra do Paraguai, a Questão Militar, o abolicionismo e a abolição, em 13 de maio de 1888, que deu o golpe fatal na sustentação do império que cairia um ano, seis meses e dois dias depois.

Além da história em si, que já é fantástica e riquíssima em detalhes, valem os perfis que o autor faz do “imperador cansado” Dom Pedro II, do “marechal vaidoso”, Deodoro da Fonseca,  e do “professor injustiçado”, Benjamin Constant.

Dom Pedro II foi um homem de pensamentos bastante avançados para o seu tempo, acreditando inclusive na república como forma de governo (apesar de desejar, sem sucesso, que ela só chegasse ao Brasil depois que ele morresse). Além disso, mais do que brasileiro, ele era apaixonado pelo Brasil. Quando morreu, no exílio em Paris, dois anos depois de ser expulso do país que governou por mais de meio século, descobriu-se que guardava, no armário, um pouco da terra (do solo mesmo) do Brasil, “para o caso de nunca ter a oportunidade de voltar”.

Outra coisa curiosa é que, no fim das contas, a  lenda de que o Imperador do Brasil teria sido um dos primeiros a receber uma ligação telefônica de Graham Bell é verdade, e está bem contada no livro também…

O Marechal Deodoro da Fonseca, bastante enfermo, acabou sendo, em grande parte, mais tripulante do que timoneiro do movimento republicano. Ele era fiel ao Imperador, e seu objetivo era apenas destituir o atual gabinete do governo, e não todo o sistema monárquico. O que levou Deodoro a esta atitude foi, acreditem, uma richa pessoal contra um político gaúcho… O governo de Deodoro, aliás, tem destaque no final do livro, quando fala do “e depois?” (coisa que, também, são poucos os livros que fazem).

Benjamin Constant, o professor e líder republicano de primeira hora, é um dos maiores injustiçados pela historiografia oficial. Líder do movimento republicano do início ao fim, o professor da Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro incentivou a organização dos alunos, que em parte também acabariam apoiando a mudança do regime.

Proclamada a república, entretanto, divergências sobre como as coisas deveriam prosseguir fizeram deixar o governo, e os que se mantiveram no poder acabaram por  diminuir sua relevância histórica. Para mim mesmo, Benjamin Constant não passava de uma grande avenida em Porto Alegre, em homenagem a alguém que eu acreditava ter a ver com a República, mas sem muita certeza…

Parte II – O RS e a República

 photo bandeiraRS_zpsb170bbdc.pngFalando em Porto Alegre, uma coisa que eu achei curiosa é a importância que o livro dá ao positivismo (o que é natural, até pela frase da nossa bandeira republicana), e, principalmente, a Júlio de Castilhos. O ditador republicano gaúcho, que governou o Estado até a morte, em 1903 (fazendo o seu sucessor, Borges de Medeiros, que seria o mandatário por mais 20 anos) é peça importante da solidificação do novo regime, tanto no Rio Grande do Sul quanto no centro do poder, no Rio de Janeiro…

O que eu achei interessante foi que o autor não só citou Castilhos como falou da briga entre maragatos e pica-paus, Gaspar Silveira Martins (estopim para a decisão do Marechal Deodoro), chegando a relacionar a Revolução Federalista de 1993 com o quase esfacelamento dos Estados Unidos do Brasil naquela década.

No nível federal, Floriano Peixoto também ganhou destaque. Ele me pareceu um Getúlio Vargas do século XIX, não pela importância histórica (apesar de ele ser, em certos aspectos, praticamente tão importante quanto Getúlio), mas pela… maleabilidade. Militar, ele soube ajudar a derrubar o velho regime sem se expor como republicano. Quando presidente, apesar de ter sido bastante duro para manter a ordem e a integralidade do país (patrocinando e promovendo guerras em diversos estados), o autor credita, em grande parte, a ele a unidade e a continuidade da república.

 A trilogia de Laurentino Gomes

Parte III – A república brasileira

Para entender o presente, conheça o passado. Nestes três livros, além da história do Brasil contada de uma maneira e sob uma perspectiva incomum, estão as origens de alguns dos cânceres dos governos brasileiros deste século XXI que, aliás, são cópias do modus-operandi da monarquia portuguesa desde antes da independência. Troca de apoio político por títulos de nobreza, áreas de influência, cargos no império, etc..

 photo brasao_republica_zps3ca81d95.jpgUma observação do autor ao final do último livro, que eu considero plausível, é que a nossa república, centenária, está passando pela sua primeira grande fase democrática. Depois do 15 de novembro de 1889 o Brasil passou por alguns anos de turbulência até o estabelecimento da aristocrática e oligárquica república do Café-com-Leite.

Em 1930, Getúlio Vargas trouxe um breve sopro de democracia, logo calado pelo Estado Novo, do próprio. De 1945 a 1964 o Brasil viveu duas décadas de “turbulenta estabilidade”, algumas tentativas de golpes frustradas que culminaram nos “anos de chumbo”. Apenas do final dos anos 1980, com a Constituição de 1989 é que o Brasil vem, com todos os seus problemas, vivendo um período democrático.

É certo que MUITOS dos vícios da monarquia portuguesa (alguns atualizados e outros porcamente idênticos) se mantém, e estamos longe de ser o país que muitos defendiam tanto em 1822 quanto em 1889. Contudo, olhando pra trás é possível notar a evolução democrática (no poder do voto e na liberdade de expressão, principalmente). Com 25 anos em vigor, a atual constituição é a segunda mais longeva da história da República, sendo que a primeira foi a de 1981, que abriu a república e resultaria na política do café-com-leite. E, se considerarmos períodos democráticos, este já é o maior desde a revolução (ou golpe?) liderada pelo Marechal Deodoro e Benjamin Constant.

Hoje, passados quase 115 anos da proclamação da república, e por mais que se tenha evoluído, em alguns aspectos, neste tempo, um Brasil mais justo, desenvolvido e solidário é, cada vez mais, um sonho intenso.

Você é o que você lê (2)

Impressão Digital 2E finalmente seguirei com a série sobre os livros que li, organizados de forma anual. Tendo como base sempre o meu aniversário. Já escrevi sobre os livros que li entre os dias 28 de outubro de 2007 e 28 de outubro de 2008. Agora, vamos do dia 28 de outubro de 2008 a 28 de outubro de 2009.

Pois bem, eu leio muito. Mesmo assim, às vezes eu acho que eu tenho tanta cultura (informação cultural) que tenho que cuidar para não ser pedante ou repetitivo. Eu leio para mim, de curioso, de “pesquisador”, de jornalista. Gosto de saber como, quando, porquê.. e onde?… Mas eu sei que nem todo mundo divide essa “febre” comigo.

Daí que algumas vezes eu estou conversando sobre qualquer assunto e lembro de algo que eu li.. não menos que de repente, lá vem o Fábio: “E tu sabe por que isso?”. Se o pobre mortal não sabe, lá vem a explicação….

Talvez para muitos isso seja uma característica minha. Boa ou má, algo que me identifica. Deve ter algo bom, porque as pessoas vêm às vezes me perguntar coisas “nada a ver”, e eu, se não sei a resposta, procuro. É meio que um serviço gratuito, hehehe. Na real, acho legal ter essa “característica”, e lamento pelos que não gostam.

Pois a lista iniciada quase cinco anos atrás, em outubro de 2007, segue ativa. Tendo  meus aniversários como referência (é assim que a lista está organizada), em 2008 foram 16; em 2009, 12; em 2010, 22; em 2011, 25; e, em 2012, até agora, 30 livros. Faltam quatro meses para ler mais seis e chegar a 3 livros por mês. Será que eu consigo?

A minha ideia original era, sempre no meu aniversário publicar um texto aqui no blog sobre os livros que eu li nos últimos 11 meses. Não deu. Vamos ver se até outubro eu consigo botar em dia, pelo menos, hehehe…

Buenas.. vamos à segunda parte. Livros lidos entre 28 de outubro de 2008 e 28 de outubro de 2009.

A América aos nossos pés (Eduardo Bueno) – Um livro com um texto nota 10 e uma imparcialidade nota 0. Bom, mas e quem disse que o Peninha Bueno alguma vez pretendeu ser imparcial? Nesta gremistíssima visita à vitoriosa campanha da Libertadores de 1983 (pulicada em 2008, aos 25 anos do primeiro título gremista na competição), o livro nos leva a uma epopeia de batalhas sangrentas, contra tudo e contra todos, num tempo em que a Libertadores era jogada a sério.

O primeiro capítulo do livro, aliás, ilustra o tom de toda a obra. É uma reunião dos libertadores da América José Francisco de San Martín, Jóse Artigas, Simón Bolívar – El Libertador, Bento Gonçalves e O’Highins, para decidir o futuro do torneio. A partir do segundo capítulo sim, relembramos a campanha de 1983, nos áureos tempos das batalhas campais por toda a América do Sul..

Médico de Homens e de Almas (Taylor Caldwell) – Uma das melhores “biografias” que eu li. Conta a história de Lucano (ou, em português, Lucas), autor de um dos evangelhos da Bíblia atual, mas o único que nunca conheceu Jesus. Já escrevi sobre ele aqui, mas vale ressaltar que é um livro muito gostoso de ler, mesmo tendo mais de 700 páginas. Uma viagem pelo Oriente Médio da época de Cristo, contemporânea ao início do cristianismo.

Anjos e Demônios (Dan Brown) – Para mim, até hoje o melhor livro do Dan Brown. Melhor que o mais famoso, “O Código Da Vinci” inclusive, sim. Uma profunda e imparcial discussão entre ciência e religião, trazendo elementos históricos da Igreja Católica e da arquitetura da cidade de Roma. O filme não fez jus ao livro, se bem que acho que nem teria como. Se quiser saber mais, leia aqui.

Eric Clapton – A Biografia (Eric Clapton) – Todos temos nossos ídolos. E todos quase sempre caímos na ilusão de acreditar que eles são seres superiores: felizes, ricos, saudáveis e bem resolvidos. Pois nesta incrível auto-biografia, Eric Clapton, ao mesmo tempo que passeia pelos seus 50 anos de música, nos leva pela sua desventurada experiência com as drogas e o alcoolismo.

Uma história dura, que esteve muitas vezes perto de um final abrupto, mas que graças à força de vontade de Clapton, “limpo” há mais de 20 anos, segue encantando plateias em todo o mundo. Momentos marcantes como a morte do filho e o relacionamento com o beatle George Harrison também estão lá, ajudando a abrilhantar ainda mais a história da música no século XX.

Noites Tropicais (Nelson Motta) – Pode nãõ parecer, mas é uma auto-biografia. Meio sem querer, e sem fazer alarde, Nelson Motta foi uma espécie de Forrest Gump brasileiro. Testemunha e, muitas vezes, personagem da história da música brasileira desde o surgimento da Bossa Nova e da Jovem Guarda, passando pela época dos Festivais, pela psicodelia dos anos 1970, o rock-Brasília do começo dos anos 1980 até o Rock In Rio 1985, com shows antológicos como Queen e Barão Vermelho. Também já fiz um texto sobre isso no blog.

Ministério do Silêncio (Lucas Figueiredo) – Muitos brasileiros 9praticamente todos na verdade), acreditam que existem muitas coisas escondidas nos corredores de Brasília que não se sabe nem nunca se saberá.

Bom… este livro do repórter Lucas Figueiredo demonstra que essas teorias conspiratórias são.. verdadeiras. Ao contar a história da Inteligência brasileira, desde o Dops de Getúlio Vargas, passando pelo Doi-Codi/SNI dos militares até a Abin de Lula e sua turma, a obra mostra que, em alguns momentos importantes da história brasileira, o povo e as instituições praticamente não passaram de fantoches que acreditavam estar agindo por conta própria. Triste realidade…

Luís XVI (Bernard Vincent) – A Revolução Francesa. Eita tópico complexo de se entender… Li o livro sobre o rei Luís XVI na esperança de entender um pouco melhor, e isso realmente consegui… mas são tantos lados, tantas “verdades”, que acho que será impossível chegar a uma conclusão. definitiva Bom, algo dá pra concluir: sem dúvida, foi uma revolução!

Este livro de Bernard Vincent tenta se focar na vida do Rei, mas isso seria impossível sem manter a contextualização histórica sempre próxima. Principalmente na virada que acontece quando ele vai para Versailles sem perceber, ainda, as mudanças que já estavam em curso e que o levariam a perder a cabeça (literalmente)…

Almanaque da TV (Bia Braune & Rixa) – Uma viagem pela história deste tubo infecto” (pelo menos até a chegada do plasma e do LCD). Não no sentido tecnológico, mas no cultural. Desde o começo com a TV Tupy de Chateaubriand, nos anos 1950, passando pela Excelsior, pela Record pré-IURD, Bandeirantes, Globo, SBT..

Programas, séries, personagens, bastidores e curiosidades que, de certa forma, não deixam de ser uma forma de acompanhar a história sócio-cultural do Brasil nos últimos 60 anos. Um ótimo livro pra quem busca entretenimento e nostalgia!

Cuba – Uma nova História (Richard Gott) -Foi o primeiro livro que eu li na minha tentativa de “entender abaixo da superfície” temas sempre recorrentes. Depois fiz o mesmo com a história da Inglaterra, da Rússia e da China. Claro que ainda há muito o que ser explorado, mas já consigo contextualizar tudo melhor, e este é o objetivo.

Pois o caso de Cuba é interessantísimo. Quando falamos na maior ilha da América Central, pensamos direto em Fidel Castro.  Pois o livro de Richard Gott nos conta a história desde o descobrimento, os séculos de domínio espanhol até a vitória norte-americana no final do século XIX. Só no final (faltando cerca de 50 páginas) é que chegamos a Fulgêncio Batista, o golpe e o socialismo de Fidel Castro. Ainda aí há muita história, como a crise dos mísseis e a relação de Castro com a U.R.R.S.

Acredito que uma boa definição para a história da ilha até os dias de hoje seja o título que escolhi para o texto que escrevi sobre o livro: Independência ou Cuba!

Breve História de Quase Tudo (Bill Bryson) – Partindo de uma dúvida totalmente banal, Bryson nos leva em uma viagem pela história da ciência. Meteorologia, química, física, biologia.. tudo em uma linguagem simples e muito bem escrita. Há muito mais a ser dito, e para isto, recomendo que leiam o texto que escrevi aqui.

Einstein – Sua vida, seu universo (Walter Isaacson) – Todos já ouviram falar da Teoria da Relatividade de Einstein. Mesmo que alguns não façam ideia do que é, do que significa ou do que representa, certamente já ouviu falar.

Pois Albert Einstein é muito mais do que isto. Ainda que, inegavelmente, sua teoria tenha revolucionado a ciência (como, anteriormente, somente Isaac Newton tenha sido capaz), o homem por trás do cientista é, também, interessantíssimo.

Einstein não decidiu ser cientista, mas quando viu não tinha mais saída. Dono de um curiosidade imensurável, o físico alemão chegou a vir ao Brasil (ao Ceará) para comprovar uma de suas teorias. O livro de Walter Isaacson (o mesmo que, mais recentemente, escreveu a biografia de Steve Jobs) nos mostra mais do que o teórico, mas também a pessoa, o homem que viveu intensamente a sua época, inclusive fugindo, por ser judeu, da Alemanha nazista durante a segunda guerra mundial.

Impossível resumir Einstein em três parágrafos. Se quiser mais, leia o texto que escrevi. Se quiser ainda mais… ora, leia o livro!!

Rua da Praia (Nilo Ruschel) – Eu adoro histórias da Porto Alegre antiga. Neste livro, Ruschel nos fala de uma cidade em pleno crescimento, com histórias e histórias de uma Rua da Praia que já não existe mais. Na época dominada por Cafés, mais tarde com lojas de departamentos. Uma bucólica cidade, com vida social ativa e, aos olhares de hoje, bastante romântica. Vale a pena viver Porto Alegre, em todas as épocas!!

Não vi e não gostei!

Impressão Digital 2Se há uma coisa que me incomoda profundamente é gente “automaticamente cult”. Sabe aquele tipo de gente que, como bem disse o Amarante do Los Hermanos numa famosa entrevista  “se é bom, faz sucesso, eu não gosto?”. Ridículo…

É. Só que eu já fiz isso… e volta-e-meia me pego fazendo assim. Dois casos que eu lembro agora:

Numa certa fase da minha faculdade, estava todo mundo enlouquecido com o filme “Cidade de Deus”. Eu, no “melhor” estilo não vi e não gostei, dizia que era ruim, que filme brasileiro só serve para mostrar pobreza, e blá blá blá.. Uma professora pediu uma resenha sobre o filme e eu, achando o trabalho “colégio” demais, argumentei contra o trabalho (com essa ideia de ser “modismo”) e – incrível – ganhei. Acabei fazendo sobre “Sleepers -A vingança adormecida“.

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Meses depois fui ver Cidade… Bah! É muito bom.. realmente, MUITO bom.. A questão da temática brasileira não está totalmente errada, mas isso é assunto para outro texto….

Impressão Digital 2A segunda vez que me lembro de ter sido traído pela teimosia foi com Maria Rita. Quando ela surgiu, pensei: “Ah.. filha da “nossa” (gaúcha) Elis Regina, com a voz igual.. mais uma vez, tentam criar um sucesso do nada. Que sem graça, canta igual a mãe, blé, blé, blé”.

A primeira vez que eu ouvi ela sabendo quem era, como muita gente eu acredito, foi com Encontros e Despedidas na abertura da novela Senhora do Destino. Bela música, sem dúvida, mas “Elis Regina” demais. Nem fui atrás…

No fim de 2009 um amigo elogiou Maria Rita. Lá fui eu discorrer os defeitos dela, sem ter parado pra prestar atenção… Ele disse: “é bom, cara… “. Passou mais um tempo, e um dia eu fui baixar “Não deixe o samba morrer”, da  Alcione, em mp3. Acabei encontrando a versão da Maria Rita, e resolvi baixar também. Hmmm… interessante… vamos ver mais então!

E baixei “Samba meu” dela. Um CD totalmente samba. Não que eu tenha gostado, mas tive que ir no show dela em Porto Alegre, e levei a minha mãe…

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Ela, além de cantar muito e ter sim, personalidade vocal, não nega as semelhanças com a mãe, e demonstra ter um carinho especial pela terra da Elis. Claro que pode ser, mas no show não me pareceu puxa-saquismo. Eram comentários simples, soltos, nada de discursos do tipo “Deus, como eu amo vocês”… E o “Samba Meu” é um disco fantástico, assim como o DVD…

Este ano (2012) ela rodou o país com shows em homenagem aos 30 anos morte da mãe. Ela esteve em Porto Alegre, mas por questões de saúde não pude ir…

Enfim, esses são dois exemplos  de ocasiões em que perdi de aproveitar algo por uma birra gratuita, mas certamente existem outros. E  isso me chateia justamente por que tem gente que usa o “não vi e não gostei” como bandeira, como diferenciação, como não gostar simplesmente “por que sim” fosse algo a se admirar. Eu acho isso ridículo, e odeio quando ajo assim…

Não que todos tenhamos de gostar de tudo, mas calma lá… Eu por exemplo, tinha birra com Paulo Coelho. Um dia respirei fundo, comprei um livro e li.  Ok, é uma merda mesmo… tanto que devo ter dado o livro pra alguém, por que nunca mais vi.

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Impressão Digital 2Contudo, entretanto, porém, todavia… Paulo Coelho, a pessoa. Tirando a parte pseudo-espiritualizada (ou até respeitando, mas sem se envolver) me parece uma pessoa interessante. Não só pela parceria com o grande Raul Seixas, nem apenas pela relação dele com o Jovem Nerd ou com o Stallone (que eu já citei aqui), mas pela história de vida e, afinal, por tudo o que ele representa para a nossa literatura e até para o Brasil, principalmente no contexto literário internacional, quer eu queira, quer não.

Recentemente comprei até a biografia dele, escrita pelo Fernando Morais Tá na fila, vou ler.. Pelo menos desta vez o texto não é dele…

Cem Livros Sem Solidão

101 livrosTodo o mundo sabe como eu gosto de ler. Sempre que eu vou mais de uma vez em algum lugar, o primeiro comentário é “Mas tu está sempre lendo…”. Sim, estou. E eu acho que esta impressão se torna maior pois, como eu leio mais de um livro ao mesmo tempo, volta-e-meia eu retorno a um lugar lendo livros diferentes com poucos dias de distância…

Pois no meu aniversário de 29 anos, em 2007, eu iniciei um “acompanhamento”. Comecei a anotar cada livro lido. Todos, desde o “The Beatles”, do Bob Spitz, que tem mais de 1000 páginas, até “Seu Madruga – Vila e Obra”, do Pablo Kaschner, que não passa de 200.

Eis que no dia 28 de maio de 2012 eu atingi a marca de 101 livros. Considerando que, do início até agora, não se fecham 5 anos, a média é maior do que 20 livros por ano. Foram, por acaso, exatos 55 meses, o que dá uma média de 1,84 livros por mês, ou aproximadamente 1 livro a cada 16,3 dias.

Grande parte destes livros são biografias ou romances históricos. Mas também tem muita ciência, alguns de religião, quadrinhos e até esportes. Autores, se destacam Richard Dawkins, George R.R. Martin, Bill Bryson, Walter Isaacson e Laurentino Gomes.

Uma coisa que me desespera é que tem algumas “Parte Um” nesta lista. Por exemplo:  “A Sociedade do Anel” (primeira parte de O Senhor dos Anéis, de J. R.R. Tolkien), “O Guia do Mochileiro das Galáxias” (primeiro de 5 livros de Douglas Adams). E eu tenho os outros livros das duas séries.. é “só” sentar e ler…

É claro que eu teria um monte para escrever sobre cada livro (e até já comecei, mas nunca fiz todos), mas vou deixar esta análise para comentários mais “gerais”.

Se for considerar “anualmente” (tendo a data do meu aniversário como referência, os números são: 16 (2007/2008), 12 (2008/2009), 22 (2009/2010), 25 (2010/2011) e 26 (2011 – até agora). Ou seja, a leitura vem ganhando “velocidade”, ehehe. Este será o segundo ano consecutivo que passei da média de 2 por mês, e talvez chegue a três.

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A lista completa está aqui. Mas vamos tentar, agora, destacar alguns livros por tema/estilo (alguns livros estão em mais de uma classificação):

Biografias:
Tim Maia – Nelson Motta
The Bealtes – Bob Spitz
Eric Clapton – A Biografia – Eric Clapton
Einstein – Sua vida, seu universo – Walter Isaacson
Nem vem que não tem (Wilson Simonal) – Ricardo Alexandre
John Lennon – Philip Norman
Carmen – Ruy Castro
Ayrton (Senna) – O herói revelado – Ernesto Rodrigues
Walt Disney – Neal Gabler
Bussunda – A vida do Casseta – Guilherme Fiúza
Steve Jobs – Walter Isaacson
O livro do Boni – Boni
Agassi – Autobiografia – André Agassi
Paul McCartney – Uma Vida – Peter James Carlin

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Religião:
Médico de Homens e de Almas – Taylor Caldwell
Anjos e Demônios – Dan Brown
Deus, um Delírio – Richard Dawkins
O vulto das torres – Lawrence Wright
A Tentação do Cristianismo – Luc Ferry e Lucien Jerphagnon
O Último Judeu – Noah Gordon
Uma Breve História do Cristianismo – Geoffrey Blainey

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Música:
Furacão Elis
Chega de Saudade – Ruy Castro
Tim Maia – Nelson Motta
The Bealtes – Bob Spitz
Eric Clapton – A Biografia – Eric Clapton
Beatlemania – Ricardo Pugialli
Noites Tropicais – Nelson Motta
Minha fama de mau – Erasmo Carlos
Dez, nota dez! – Denílson Monteiro
Nem vem que não tem (Wilson Simonal) – Ricardo Alexandre
John Lennon – Philip Norman
Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band – Clinton Heylin
Paul McCartney – Uma Vida – Peter James Carlin

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Beatles:
Beatlemania – Ricardo Pugialli
The Bealtes – Bob Spitz
John Lennon – Philip Norman
Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band – Clinton Heylin
Baby´s in black – Arne Bellstorf
Paul McCartney – Uma Vida – Peter James Carlin

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Ciência:
Volta ao mundo em 80 dias – Julio Verne
Viagem ao centro da Terra – Julio Verne
Breve História de Quase Tudo – Bill Bryson
Einstein – Sua vida, seu universo – Walter Isaacson
Deus, um Delírio – Richard Dawkins
A grande história da Evolução – Richard Dawkins
O Gene Egoísta – Richard Dawkins
Uma história da ciência – Michael Mosley e John Lynch
A Magia da Realidade – Richard Dawkins

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História de Porto Alegre/Rio Grande do Sul:
Loureiro da Silva – Carlito de Grandi
Flores da Cunha – Lauro Schirmer
História Ilustrada do Rio Grande do Sul – Vários autores
Rua da Praia – Nilo Ruschel
Alfândega de Porto Alegre – 200 anos de história – Márcio Ezequiel
A enchente de 41 – Rafael Guimaraens
Porto Alegre – Guia Histórico – Sérgio da Costa Franco
Diário de um repórter – Flávio Alcaraz Gomes
Porto Alegre – Brasil – Leonid Strelaiev

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História Geral:
1808 – Laurentino Gomes
Ministério do Silêncio – Lucas Figueiredo
Cuba – Uma nova História – Richard Gott
Luís XVI – Bernard Vincent
Primeira Guerra Mundial – Paulo Vicentini
Segunda Guerra Mundial – Paulo Vicentini
Viagem ao Brasil – Hans Staden
O vulto das torres – Lawrence Wright
1822 – Laurentino Gomes
Império à deriva – Patrick Wilken
Assim Morreu Tancredo – Antonio Britto
O Lado Negro de Camelot – Seymor Hersh
Médici – A Verdadeira História – General Agnaldo Del Nero Augusto
China – Uma nova história – John King Fairbank e Merle Goldman
O Forte – Bernard Cornwell
Império – Como os Britânicos Fizeram o Mundo Moderno – Neill Ferguson
Uma Breve História do Cristianismo – Geoffrey Blainey
O Século Soviético – Moshe Lewin
Dopaz – Tahiane Stochero

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Bom, dá pra ter uma ideia de onde sai tanta “cultura” (essa, claro, considerando a parte útil). Ainda assim, ao mesmo tempo que eu acho muito legal hoje ir a uma livraria e passar pelas estantes e dizer: “Li, li… li… li, li, li..”, é desesperador também passar e, considerando apenas obras que me interessariam, passar dizendo: “Não li, não… também não… nain nain… ih… também não.. não, nem este… not… ei, alguém sabe onde eu consigo um isqueiro, talvez um lança-chamas?”.

O livro da brincadeira do título, aliás, é um dos desafios até agora intransponíveis. Eu li dois livros do Garcia Marquez: “Ninguém Escreve ao Coronel”, que é baseado na história real do avô dele, e “Viver para Contar”, que é como uma autobiografia (e eu li antes de começar a anotar). Tentei ler “Cem Anos..” mas não consegui.

Não que seja ruim, bem pelo contrário, mas é um livro que exige muita atenção pois, entre outras características, são várias gerações, e muitos “patriarcas” têm o mesmo nome. Isso confunde e, se tu parar de ler e voltar tempos depois, provavelmente já te perdeu….

Outro “desafio” é “Inferno”, da trilogia “Divina Comédia”, de Dante Alighieri. É uma obra fantástica, na qual ele encontra vários personagens (reais) históricos espalhados pelos círculos do inferno (e, quanto mais profundo o círculo, maiores os pecados em vida). Contudo, a versão que eu tenho é em poesia, e isso dificulta a compreensão às vezes, pois tu tem que ir lendo e “montando” a história na cabeça. E “Inferno” é só o primeiro, ainda tem o “Purgatório” e o “Paraíso”…

Bom, é isso. Já estou terminando o 102 e já sei qual vai ser o 103. Mais cinco anos para chegar a 200? É esperar pra ver…

Até quando?

Pra começar, uma pequena introdução ao assunto para os que não acompanharam os fatos que me levaram a escrever este texto:

O cantor, compositor, escritor e artista Gabriel o Pensador foi convidado para ser o Patrono da 27ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, que foi realizada em maio na cidade serrana.

Alguns meses antes, após a reclamação de um “poeta” gaúcho sobre o cachê que seria dado ao Gabriel teoricamente por ser o Patrono do evento, o próprio Gabriel decidiu abrir mão do dinheiro, cancelando a distribuição de livros e o show que faria na cidade (inclusos no custo do teórico cachê), e anunciou que sua participação estava mantida e seria mais simples (sem livros nem show), porém de graça. O rapper esteve presente inclusive à abertura da Feira, e tudo transcorreu naturalmente, sem a presença do injuriado “poeta”.

Encerrando o assunto, Gabriel lançou, na abertura da Feira, o clipe da sua nova música, “Linhas Tortas”, onde fala da sua relação com a literatura e sobre a polêmica.

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Agora sim, começando…

A polêmica que envolveu o Gabriel O Pensador está inserida em algumas discussões que eu considero importantes.

Pra começar, Bento Gonçalves é uma linda cidade do interior do Rio Grande do Sul e, antes de ter a Feira do Livro como um evento-símbolo da cidade, submerso em tradições como é o caso de Porto Alegre, a realiza com o propósito prático, primordial e direto de ser um mecanismo para incentivar seus cidadãos, de todas as idades e classes sociais, à leitura.

Impressão Digital 2Pensando nisto, este ano a Prefeitura convidou Gabriel O Pensador para ser o Patrono. Além da presença ilustre, a possibilidade de distribuir livros para as crianças do município e o show que seria realizado seriam acréscimos interessantes ao evento. É claro que tudo isto teria custo, mas a prefeitura optou por assumi-los.

Como o próprio Gabriel diz na música recém-lançada, “na Feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso”. Sim, pois ambos são parte do trabalho dele, e ambos devem e merecem ser remunerados. Um certo “escritor” gaúcho, no entanto, achou – muito ingenuamente na minha opinião -, que o valor (mais de R$ 160 mil) publicado no Diário Oficial como direcionado pela Prefeitura de Bento Gonçalves ao patrono da Feira fosse 100% o seu cachê.

Ingenuidade, para dizer o mínimo. Meu caro escritor, a primeira atitude que todos SEMPRE devemos (ou deveríamos) ter quando recebemos qualquer informação é mandar o Tico chamar o Teco e tentar entender, por dois segundos, o que está acontecendo. Não dói, eu garanto.

Ao ser chamado, o Teco perguntaria ao seu irmão:”Peraí, cara.. cento e sessenta vezes?“

E continuaria: “Não é assim, meu. Se te oferecem um dinheiro para fazer alguma coisa… e oferecem 160 vezes mais para outra pessoa fazer basicamente a mesma coisa… Alguma coisa esta errada. Será que é para fazer a mesma coisa? Repara… não é o dobro, nem três vezes mais, nem dez vezes. São CENTO E SESSENTA vezes.”, ressaltaria o pequeno neurônio.

E eu adicionaria: Para quem mesmo? De onde? Será que não tem outros serviços e custos aí?

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Vale ainda uma pequena lembrança ao reclamante: O que te fizeram, na tua opinião oferecendo pouco dinheiro ou te subvalorizando dentro da tua visão míope sobre o dinheiro que seria pago ao Gabriel, foi um CONVITE para participar do evento, não uma convocação. Como se diz em Florianópolis (o sotaque é importante aqui): “Se queres, queres, se não queres, dizes”.

Tá ruim o dinheiro, o evento não é interessante, tá com frieira? Agradece, declina e segue a tua vida, rapá…

É fundamental cada um saber o seu lugar, o que deve ser dito, como e quando deve ser dito.

Durante a polêmica, teve gente que veio dizer “e porque não chamaram um escritor gaúcho?”. Bom, pois eu inverto a pergunta: “Por que chamar um escritor gaúcho?”. Não que não se deva, mas a pergunta é pertinente e direta. Por que, por qual razão?

Se houver uma razão ótimo, sou totalmente favorável. Mas “gaúcho” não é sinônimo de qualidade. Temos muitos ótimos escritores, sem dúvida, mas também temos “escritores”, e é claro existem vários ótimos escritores fora do Rio Grande do Sul também.

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O que levou Bento Gonçalves a convidar o Gabriel O Pensador não foi muito diferente do que a levaria a convidar um gaúcho (o que certamente já aconteceu, mais de uma vez, nas 26 edições anteriores). A questão é que houve um propósito, um objetivo, em chamar especificamente o Gabriel. E o Gabriel, assim como o “escritor”, foi apenas convidado e aceitou. Até porque o tamanho do “cachê”, no fim das contas, não tinha nada a ver com a participação dele como Patrono…

Impressão Digital 2A distribuição de livros gratuitos para as crianças carentes do município e o show, também gratuito para o público, certamente estão sim, inseridos no contexto de literatura e, porque não, de alfabetização literária, tão importantes e totalmente condizentes com o perfil de um evento como este, principalmente quando realizado numa cidade do interior.

Existia a questão da visibilidade que uma presença nacional traria ao município? Sim, mas o que há de errado nisso? Bento Gonçalves vive, além da área vinícola, fortemente do turismo. Por que não ligar uma coisa à outra?

Tem outra coisa, da qual inclusive o Gabriel também fala na música. Às vezes parece que é feio um artista (e aí se incluem escritores, desenhistas, músicos e muitos outros) receberem dinheiro pelo seu trabalho. Parece que as pessoas acham que por que não houve trabalho braçal, esforço físico ou por que no final não restou um produto material, sólido, finalizado, não houve trabalho. Pois houve, e houve muito. Trabalho intelectual é tão importante e difícil quanto trabalho braçal.

Ou pede para um marceneiro escrever um poema, desenhar uma charge ou compor uma canção. Vai sair ruim não por ele ser marceneiro, mas porque não é a dele… Deixem, pois, o marceneiro “marceneirando” e os compositores compondo e os escritores escrevendo…

Mais uma coisa que me incomoda é a quantidade de gente que entra em polêmicas sem saber bem do que está falando. Entra, se indigna, sai berrando… 15 minutos depois lê mais sobre o assunto, vê que tinha entendido errado (ou nem tinha entendido) e fica..”Aaaaaiiihhnnn… pois é, mas aí tá certo…”. Pô! Te informa antes, criatura! Custa?

Já acho um saco quando vem de gente “leiga” que, no fundo, não tem obrigação de saber do que tá falando (apesar de que era só buscar a informação correta, geralmente acessível, ao invés de reagir feito um estilingue à primeira coisa que ver na frente), mas o que me mata mesmo é quando alguém que deveria saber do que está falando abre o berreiro.

Tipo… sei lá… um escritor reclamar do cachê do Patrono de uma Feira do Livro sem saber do que está falando. Pode reclamar, mas, como vale pro mané, te informa antes!! Jogar merda no ventilador pra ganhar mídia é ridículo…

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Todo mundo sabe que sou fã do Gabriel. Sou mesmo, há quase 20 anos (o primeiro disco dele é de 1993). Contudo, nem por ser ele ou por eu ser fã, mas pra mim a atitude dele foi exemplar, do início ao fim. Não se envolveu na polêmica, não discutiu. “O problema é dinheiro? Fica com o dinheiro. Mas eu vou aceitar o convite que me fizeram, pois o público da Feira não tem nada a ver com isso” (com essa pequeneza, eu acrescentaria).

Talvez às vezes o Gabriel se expresse por linhas tortas, mas sempre com atitudes coerentes. É uma pena, para a população de Bento Gonçalves, que não se tenha feito a distribuição de livros afinal…

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Eu li “Diário Noturno”, o livro de crônicas e poesias do Gabriel. Como sempre, ele fala da vida, das dúvidas e dele mesmo. É um ótimo livro, bastante lúdico também. O outro, cujo título é “Um garoto chamado Rorbeto” (assim mesmo, com o “r” no lugar errado) fala, inclusive, de inclusão social e preconceito infantil.. totalmente condizente com o público que seria “atingido” pela distribuição…

Impressão Digital 2No fim, o “escritor” quis aparecer, quis fazer escândalo feito a Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo, e acabou prejudicando muito mais do que ajudando. Enquanto isso, o Gabriel foi à Feira, participou, interagiu e fez a sua parte. Além de ter aproveitado para lançar o clipe e a música “Linhas tortas”, que fala claramente da polêmica sem se direcionar a ninguém…

É…. vai ver, no final, o tal “escritor” só pensa… naquilo ($$$$$$)….

O acrobata literário

Recentemente terminei de ler “Acrobacias no Crepúsculo”, livro do meu professor, colega jornalista e amigo Tibério Vargas Ramos.

Acrobacias no Crepúsculo - Tibério Vargas Ramos

Em março, quando soube que o escritor Tibério Vargas Ramos faria uma sessão de autógrafos do livro em Porto Alegre, fiz questão de prestigiar. Não só por ter sido meu professor, mas um professor importante, que muito me ensinou e ajudou a formar o jornalista que sou hoje, e o que ainda serei.

A obra, que eu não sei o quanto tem de ficção e o quanto tem de realidade, conta – a partir de dois pontos de vista – a história de um reservista da Aeronáutica, desde a juventude na fictícia cidade de Imperatriz, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, até a maturidade, com filhos, netos e um longo passado.

Integrante da aeronáutica de perfil aventureiro, destemido e “moderninho” para os costumes de uma cidade do interior gaúcho nos anos 50, Atagiba Neto se casa com Ana Maria, filha do velho Tubino, conhecido fazendeiro e criador de gado da região.

O segundo ponto de vista da narrativa só entra na história, cronologicamente, bem mais tarde, dando um sopro de vida ao já maduro oficial reformado.

O livro traz um tom, digamos, bucólico. Não sei se o termo é bem este, mas o texto traz longas descrições de locais, costumes, conceitos sociais, fatos e lembranças que vão montando o quebra-cabeça da fronteira em meados do século XX. Uma coisa meio Érico Veríssimo em “O Continente”. Passada a primeira parte, e com os personagens devidamente identificados, começa o romance em si, e a aula de literatura.

Impressão Digital 2A escrita joga com os pontos de vista, ora com o narrador falando em primeira pessoa no masculino, hora no feminino, conforme o personagem que representa naquele trecho. E a mudança, muitas vezes, ocorre de um parágrafo para o outro, sem aviso. Longe de significar um problema, o texto é tão bem construído que vale a analogia apresentada no título desta crítica. Puro talento do autor…

Entendido o “funcionamento” da obra, o livro engole o leitor de uma forma doce, pelo tom suave e nostálgico, porém profunda. Diversos personagens (a ex-mulher e os filhos dele, o irmão dela, o tatuador, entre outros) orbitam este universo tornando a história cada vez mais intrincada e interessante.

Nesta primeira edição são exatas 200 páginas em 31 capítulos que se dissolvem com facilidade em uma história linear – apesar de nem sempre cronológica. Para mim também foi um prazer viajar pelos costumes, valores e anseios do Rio Grande do Sul dos anos 50, e pela Porto Alegre de hoje, que me é tão cara e conhecida.

A sensualidade, a busca pela “juventude”, as novidades tecnológicas e até mesmo as histórias (estórias?) que viram lenda com o passar dos anos estão ali, tornando o romance ainda mais verossímil, mais próximo do leitor.

No final ainda há uma surpresa que, na verdade, depois descobri, já havia deixado suas pistas. Um dos pontos altos do livro, aliás, é saber como terminar. No decorrer da obra são tantas histórias correndo simultâneas, se cruzando que, conforme a parte que falta do livro começa a diminuir, vem a pergunta: “Será que tem fim?”, ou ainda “Será que é satisfatório?”.

Eu pensei que iria ser de final aberto, ou quem sabe interpretativo… Bem, é claro que o final deixa janelas para interpretações. Não do final em si, mas sobre o sentido da história, do livro e da vida…

Pois o final é conclusivo, e bem conclusivo. Ainda que sempre haja mais o que contar, o fim do livro não deixa dúvidas sobre o que aconteceu, ou o que teria acontecido. Tudo se encerra com maestria no surpreendente final.

Agora pensando.. quem sabe se, no fim das contas, não estamos todos, dia a dia, fazendo  nossas acrobacias no crepúsculo…

Parabéns, Tibério!